
Isto porque, lei natural da vida, por cada uma que desaparece há uma outra que desponta. Sobra a memória, mas quase sempre apenas a dos imortais, daqueles que singularmente nos marcam para a eternidade. Porém, a verdade é que muitos se esvaem para sempre e raramente quem viveu no estrelato consegue suportar a terrível pressão de passar a ser um comum mortal. Talvez por isso, a história está repleta de exemplos de antigas estrelas que se perdem na vida. Com muita pena nossa.
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Aprendeu muito neste jogo |
Serve esta introdução para falar de Judd Trump. Com Ronnie O’Sullivan parando de jogar aos poucos embora ainda tenha muito jogo para nos oferecer , os fãs precisavam de algo ou alguém a quem se agarrar. Há muito que os entendidos na matéria viam em Trump o futuro, mas o filho pródigo de Bristol teimava em tardar a sua afirmação.
Quando, em Março deste ano, venceu na China, muitos exaltaram mas outros ainda colocavam na reserva. No mundial, Judd Trump calou os críticos, fez vibrar multidões e deu novos mundos ao jogo. Não venceu, é um fato, mas apenas e só porque pela frente lhe surgiu o maior estrategista que o snooker tem no momento, e que colocou toda a sua experiência durante o encontro decisivo. John Higgins deu a Trump uma lição que ele jamais esquecerá. Porém, acredito que esse mundial perdido será um dia visto como uma vitória. Agora, o jovem Judd já sabe que para ganhar tem de ser mais controlado, comedido, frio, eficaz e muito rigoroso. Atacar é bom. Mas defender, na altura certa, é que preenche currículos e enche as prateleiras de troféus. GENIAL, PURAMENTE GENIAL
No UK Championship, Judd Trump foi realmente brilhante. Curiosamente, nunca jogou a um nível impossível para os seus adversários e, por isso mesmo, quase caiu aos pés de O’Sullivan, Robertson ou Allen. Ainda assim, quando usou o seu “Jogo B”, ou seja, quando o ideal não era possível por falta de confiança, ou porque as dúvidas eram maiores do que as certezas, ou porque simplesmente não acreditava que era capaz, soube sempre encontrar o rumo da vitória. Agora ele demostrou crescimento. E como cresceu este jovem de 22 anos… em apenas alguns meses. 
Surge um pergunta: Será que o snooker vai mudar novamente com Trump? Como aconteceu com Alex Higgins, Steve Davis, Sthefen Hendry e Ronnie O’Sullivan. De certo é que daqui a 20 anos, estaremos com o nome de Judd Trump a galeria dos imortais, daqueles que realmente entraram para história.
De resto, este UK Championship foi tudo o que se esperava e algo mais. A meia-final entre Trump e Robertson, uma reedição do confronto da primeira ronda do último mundial, foi épica. Intensidade, qualidade, eficácia, brilhantismo, enfim, todos os adjectivos são poucos para descrever o que se viveu naquele momento inolvidável de puro prazer. A final foi mais do mesmo, com um Mark Allen renascido, que pela primeira vez superou os fantasmas das cinco meias-finais perdidas. Encarou Trump sem medo e esse é o melhor elogio a fazer. Cedeu – é certo – mas foi bravo. Lutou, dignificou a vitória do seu adversário e, para mim, foi também um vencedor. ![]() |
Campeão do UK Championship |
Depois de deixar pelo caminho Ronnie O’Sullivan, Stephen Maguire e Neil Robertson, o “miúdo maravilha” de Bristol teve pela frente um adversário duríssimo na grande final, que vendeu bem cara a derrota. De fato, Mark Allen que jogava a primeira grande final do sua carreira, até entrou melhor no jogo, garantindo uma vantagem de 3-1 no final da primeira parte da primeira sessão. Porém, Trump voltou melhor do intervalo, ganhando quatro jogos consecutivos e levando o encontro para a segunda sessão com uma vantagem de 5-3.
Agora que venha o Masters em Janeiro. Já todos ansiamos por ver de novo os melhores do mundo em ação. Até lá, para todos os amantes de snooker do mundo inteiro, Boas Tacadas e Feliz 2012.
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